“A GENTE NASCEU DENTRO DA CIRCULAÇÃO SANGUÍNEA COM O VÍRUS DA FOLIA”: DOCUMENTÁRIO HOMENAGEIA O CENTENÁRIO DE ENÉAS FREIRE, FUNDADOR DO GALO

 

Galo da Madrugada - Recife, PE

 

1 de fevereiro de 2022

“A GENTE NASCEU DENTRO DA CIRCULAÇÃO SANGUÍNEA COM O VÍRUS DA FOLIA”: DOCUMENTÁRIO HOMENAGEIA O CENTENÁRIO DE ENÉAS FREIRE, FUNDADOR DO GALO

Longa, lançado em dezembro do ano passado, conta a trajetória do recifense – juntamente com a história do próprio Galo – e encontra-se disponível na página do bloco no Youtube.

O amor de um recifense pela cultura da sua terra e a criação de uma modesta brincadeira de amigos e parentes que se transformaria, anos depois, no maior fenômeno carnavalesco do planeta. De fato, por mais que se tente, não dá para dissociar a história de Enéas Alves Freire, fundador do Galo da Madrugada, com a do próprio clube. Criatura e criador eram, praticamente a mesma coisa e tinham o mesmo DNA: o do frevo e o da folia pernambucana. A vida e a obra de seu “Neinha” (como era, popularmente, conhecido) é retratada no documentário “O Galo Canta e Anuncia: 100 anos de seu Enéas”, lançado no dia 02 de dezembro de 2021, data dos 100 anos de nascimento do criador do maior bloco de carnaval do mundo.

Produzido pelo Galo da Madrugada e dirigido pelo jornalista Anderson Maia, o longa é recheado de depoimentos de quem conviveu de perto com essa figura emblemática da nossa cultura: os filhos (Mauro, Antônio Carlos, Ana Ney e Gustavo), os netos Rodrigo e Guilherme Menezes, o genro e fiel escudeiro desde a fundação do Galo, Rômulo Meneses – atual presidente do clube -, além de personalidades como os cantores André Rio, Almir Rouche e Nena Queiroga, o ex-prefeito do Recife e governador de Pernambuco Gustavo Krause e o repórter Francisco José (único a cobrir o primeiro desfile do bloco, no carnaval de 1978), entre outros.

“Como o próprio nome sugere, o documentário “O Galo canta e anuncia: 100 anos de seu Enéas” é um convite do maior bloco de carnaval do mundo ao folião / telespectador para que venha conhecer um pouco da vida e obra do seu criador e pai, o saudoso Enéas Freire, que, se vivo, estaria completando um século de vida no próximo dia 02 de dezembro”, explica Anderson Maia, diretor do longa.

Amigo pessoal de Enéas e folião do Galo desde os seus primeiros desfiles, ex-prefeito e governador Gustavo Krause (foto, ao lado de “Neinha”) está entre os entrevistados do longa. (Foto: Acervo Galo)

Com 49 minutos de duração, o vídeo faz um passeio pela vida de seu Enéas, desde seu nascimento, no Pátio do Terço – um dos berços da folia do Recife, já no início daquela década de 1920 – às suas primeiras experiências como carnavalesco; o que começou bem cedo, já que, ainda adolescente, participou da criação da troça mista Papagaio Louro. “Ele sempre teve essa veia, essa paixão, esse amor pelo carnaval da nossa terra e pelas tradições”, pontuou seu filho caçula e atual cantor oficial do Galo, Gustavo Travassos, em depoimento no longa.

Foi, no entanto, no final da década de 1970 – mais precisamente, em 1977 – que viria a maior contribuição de Enéas para o carnaval do Recife. Numa festa de família, onde, em conversa, comparava-se os carnavais antigos com o daquela época – já em decadência, entre outras razões, pela ascensão dos carnavais de clube, “fechados” –, surgiu a ideia de se criar um bloco carnavalesco que pudesse reviver aquelas saudosas tradições. “a ideia era, exatamente, recuperar a ideia de sair como era, todo mundo saía de máscara, grupos de palhaços, de almas, de morcegos, sair todo mundo mascarado”, explica Rômulo Meneses. No início do ano seguinte (1978), foi fundado, oficialmente, o Clube das Máscaras o Galo da Madrugada, que saiu às ruas, pela primeira vez, no carnaval daquele mesmo ano.

Imagens raras, como do primeiro desfile do Galo (foto) – em foto e vídeo- , estão entre os pontos altos do documentário. (Foto: Acervo Galo)

Daí por diante, o bloco só cresceu e a visão de Enéas, junto a sua equipe, foi fundamental para isso. “Ele era um visionário, mas um visionário que tinha uma grande vantagem: era um visionário que olhava pro passado. Com base no conhecimento, na experiência que tinha nos carnavais do passado, ele trazia aquela imagem para o presente e pro futuro, porque ele sabia que era aquilo que o povo gostava. E deu certo”, acrescenta Meneses.

A riqueza de materiais de arquivo, entre vídeos e fotos – alguns, até então inéditos – é um dos pontos altos do documentário, que mostra, inclusive, imagens do último desfile do Galo com a presença de seu Enéas – já na sacada da atual sede, o Palácio que leva o seu nome, ainda não totalmente finalizada -, em 2008.

“O Galo da Madrugada é diferenciado de todos os outros blocos de carnaval, porque o Galo da Madrugada tinha Enéas Freire, que era o diferencial, era uma pessoa que pensava pelo Clube, pensava no bloco e que executava; e a liderança dele era extraordinária”, destacou Fernando José, em trecho do longa.

Anderson Maia, diretor do longa, ouviu diversas personalildades que conviveram, de perto, com Enéas. (Foto: Angélica Souza)

Enéas faleceu em junho de 2008, devido a complicações após uma cirurgia para colocação de uma prótese no joelho. Sua criação, gigantesca como ela só, e a sua paixão pela cultura da sua terra são, no entanto, imortais (e fazem dele, também, imortal). “A gente nasceu dentro da circulação sanguínea com o vírus da folia, isso aí é uma coisa que a gente faz com satisfação e a retribuição é a satisfação do povo, à espera de mais um ano e a vitória naquele ano de dever cumprido”, enfatizou o próprio “Neinha”, em uma das tantas relíquias em vídeo que constam no longa.

O documentário está disponível para exibição na página do Galo da Madrugada no Youtube. Confira abaixo, na íntegra:

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