BEM MAIS QUE UMA “PERSONAGEM DE UMA HISTÓRIA”: A PORTA-VOZ DO SAMBA DE PERNAMBUCO. SALVE, GERLANE!

 

Galo da Madrugada - Recife, PE

 

29 de março de 2022

BEM MAIS QUE UMA “PERSONAGEM DE UMA HISTÓRIA”: A PORTA-VOZ DO SAMBA DE PERNAMBUCO. SALVE, GERLANE!

Ela faz questão de dizer que é “apenas uma personagem de um filme já muito antigo e bonito”, que é o samba de Pernambuco, mas – modéstias à parte – a grande verdade é que Gerlane Lops foi um dos ícones (ou o maior ícone) no Estado que, de fato e de direito, pôde dar voz e visibilidade a uma cultura que poucos sabiam ter tanta força aqui na terra do frevo. Olindense, a cantora está, hoje, entre os grandes nomes da música pernambucana e principal expoente do ritmo mais famoso do Brasil por aqui, embora a artista prefira evitar rótulos e se autodefina como “intérprete da música brasileira”. Como é, de fato, mas convenhamos: o samba no pé e de PE a coroou de vez, aqui e lá fora.

Gerlane conta que seu primeiro contato com a música veio ainda muito nova, por volta dos três ou quatro anos de idade, quando acompanhava sua irmã mais velha nas gravações de um programa de TV local, “Cata-vento”, o qual possuía um coral infanto-juvenil formado por meninas. “A música foi entrando naturalmente na minha vida, de uma forma muito tranquila e muito doméstica mesmo”, diz. Já adolescente, cursando o hoje chamado Ensino Médio, na Escola Estadual de Olinda, a jovem tocava instrumentos de percussão em bandas marciais e, pouco tempo depois, já montava sua própria orquestra de frevo – que, anos mais tarde, se transformaria em banda de baile, passando Gerlane a assumir os vocais.

“Comecei a cantar nessa banda, aos 20 anos de idade. Pouco tempo depois, aconteceu o Canta Nordeste (festival de música realizado pela Rede Globo Nordeste) e eu já estava fazendo a minha história sozinha, foi quando tudo começou”, lembra. No referido festival, realizado em 1996, a cantora passou pelas eliminatórias no Recife, Aracaju e disputou a grande final em Salvador, ficando entre os três primeiros lugares da disputa.

Em 1998, Gerlane fez o espetáculo ‘Lorca Canções de Lua’ (que se transformaria, em seguida, em CD, o primeiro da carreira de Gerlane), o qual reunia teatro, dança e música. “Musiquei nove poemas de Federico Garcia Lorca, que é um poeta espanhol. A partir daí, a gente não parou mais, começamos a participar de outros festivais e projetos”, resume a artista, que completa, em 2022, 26 anos de carreira.

Espetáculo “Lorca Canções de Lua” transformou-se em CD e foi o primeiro álbum de Gerlane.

O contato maior, propriamente dito, com o Samba, ritmo que a consagrou local e nacionalmente, veio a partir do projeto “Gerlane Lops em Tom de Samba”, no qual a cantora exaltava os sambistas do Brasil. “Nesse trabalho, conheci dois grandes músicos pernambucanos que faziam samba, um deles, Siri do Cavaco, parceiro com o qual compus o meu primeiro samba, ‘Da Branca’, que virou um especial da Rede Globo Nordeste e também o meu primeiro DVD, gravado em 2011”, explica a artista.

Já coroada entre os grandes nomes do Samba em Pernambuco, Gerlane viu o seu destino cruzar-se (novamente) com o ritmo mais tradicional, original e emblemático da cultura pernambucana: o frevo. E o contato veio na melhor escola possível, o maior bloco de carnaval do mundo. “O Galo da Madrugada entrou na minha vida através de Gustavo Travassos (filho do fundador, Enéas Freire, e cantor oficial do bloco), que é o nosso príncipe. Ele me chamou para participar com ele (no trio elétrico), isso há mais de dez anos, e, depois, fiz mais algumas participações em trios de outros artistas”.

Primeiro contato com o Galo veio através do amigo Gustavo Travassos, cantor oficial do bloco.

Mas foi em 2011, após a desistência, na madrugada da sexta-feira para o Sábado de Zé Pereira, de uma famosa cantora baiana de participar do desfile do Galo – no qual faria participação no trio elétrico de Spok -, que a história de Gerlane com o bloco iria ser selada de vez. A pernambucana foi convidada, aos “quarenta e cinco do segundo tempo”, para substituir a famosa e fez uma participação emblemática no maior bloco de carnaval do planeta.

Após isso, os laços só se estreitaram ainda mais com o Galo. Tanto que, pouco tempo depois, Lops passou a comandar, mensalmente, no Palácio Enéas Freire (sede do bloco), o tradicional evento “Recife Samba de PE” – no qual pôde homenagear sambistas e escolas de samba de Pernambuco e, também, trazer artistas de renome nacional, como as cantoras Márcia Freire, Mariane de Castro, Luiza Possi e Lucy Alves, entre outros ícones.

À Frente de um trio elétrico, no Galo, desde 2012, Lops já trouxe convidados como a paraense Gaby Amarantos.

“A diretoria do Galo abriu as portas da sede para receber o meu samba, além de ter ganhado (a partir de 2012) o (comando do) meu próprio trio elétrico, no qual pude convidar artistas nacionais”, completa Gerlane, que também foi uma das homenageadas do Carnaval do Recife no ano de 2019.

Projeto Recife Samba de PE, na sede do Galo, homenageou dezenas de agremiações e sambistas do Estado e trouxe artistas de renome nacional.

Sobre se autointitular “apenas um personagem de um filme muito antigo” (citado no início desta matéria), Gerlane faz questão de deixar claro que a trajetória do Samba em Pernambuco já vem de longas décadas e que muita gente vive do ritmo, por aqui, “há mais de 30, 40, 50 anos”. “A gente tem mais de 70 escolas de samba, entre as que já se dissiparam e as muitas que ainda vivem com seu coração na mão, com o samba no pé. É por essas pessoas que faço o meu trabalho, hoje, pelos sambistas de Pernambuco e pela música pernambucana que a gente não pode deixar de cantar em qualquer lugar que tivermos no mundo”, afirma.

Contatos para show: (81) 99933.9234

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