Num clima não só de alegria e de comemoração pelo histórico desfile do Sábado de Zé Pereira- há pouco mais de uma semana -, mas também de emoção e de lembranças da história do Galo da Madrugada, o plenário da Câmara Municipal do Recife foi palco, na manhã de hoje, de uma homenagem ao presidente do maior bloco do mundo, Rômulo Meneses, que também é um dos fundadores da agremiação. A solenidade, de iniciativa dos vereadores Marco Aurélio Filho e Alcides Cardoso, contou com a presença de artistas, diretores do Galo, lideranças comunitárias vizinhas ao Bairro de São José, entre outras personalidades ligadas ao bloco e à cena cultural no Recife.

“Sem dúvidas, é um momento de muita emoção e de importância para a cidade do Recife essa homenagem do Poder Legislativo Municipal a uma figura importante da nossa cidade, que a eleva a um nível internacional importante e resguarda a nossa identidade cultural, o frevo”, destacou Marco Aurélio Filho. “É uma honra e merecidíssimo esse reconhecimento ao Galo e ao seu presidente, por uma história já de 45 anos do maior bloco do mundo. Estou muito honrado e satisfeito, até porque conheço e admiro toda a família (Menezes) e Rômulo é um exemplo de pai, de avô, de marido e de amigo”, completou Alcides.

Visivelmente emocionado, Rômulo estendeu a honraria a todos os personagens que fazem o Galo da Madrugada, desde aos que trabalham nos bastidores ao público que elevou a agremiação ao título de maior bloco de carnaval do planeta. “É uma homenagem pela qual fico muito grato e divido com toda a equipe que faz o bloco, com os artistas e, principalmente, com os foliões, as pessoas que estão na rua, que são a força e a anergia que fazem o Galo crescer e aparecer. Sem elas, não tem graça, não tem Galo. Então, antes de mais nada, é um reconhecimento a esse povo todo que vai pra rua brincar”, afirmou Meneses.

Na ocasião, o homenageado relembrou histórias e curiosidades das duas famílias – Freire e Menezes – cuja fusão resultou na criação do bloco (Rômulo é casado com Ana Nery, filha de Enéas Freire, idealizador e primeiro presidente do Galo, falecido em 2008) e a surpresa em ver uma despretensiosa brincadeira de parentes e amigos transformar-se, com o passar dos anos, no maior espetáculo ao ar livre da Terra. “A gente não fez (o Galo) com essa visão, se tivesse feito, não teria dado certo. Fizemos pra brincar e foi do agrado do público e isso fez com que a gente fosse atraindo cada vez mais os foliões a participarem daquele projeto de resgate do frevo, do carnaval de rua, esse era nosso objetivo”, lembra.

Entre os presentes, um dos fundadores do bloco e ex-vice presidente do Galo, Dirceu Paiva, também não escondeu a emoção daquele momento. “É uma sequência de saudade, alegria e satisfação. Saudade porque lembro de Enéas; alegria por saber que Rômulo conseguiu conduzir tão bem e chegar a esse momento; e satisfação por ver como o Galo deixou de ser apenas um clube e passou a ser uma realidade de todo Pernambuco. A idade me afastou (da diretoria), mas, de fora, consigo enxergar a grandeza que é o Galo, como é bonito”, externou Paiva.

Também prestigiaram a solenidades artistas de diferentes segmentos musicais do Estado como Bia Villa-Chan, Fabiana Pimentinha, Gerlane Lops, Gustavo Travassos, Quinteto Violado, Maestro Forró, Rominho (Banda Som da Terra), Michelle Melo e Nega do Babado, além do porta-estandarte Fernando Zacarias e a orquestra mirim do Galo – composta por músicos, hoje, profissionais, formados através de projeto social do bloco. “Essa homenagem se estende a toda população do Recife, a gente tem o orgulho de ter o título de maior, melhor e mais democrático carnaval do mundo e isso se dá por conta do Galo e dessa força que é Rômulo Meneses, esse cara que carrega a cultura e o frevo no coração. Todos nós temos orgulho desse título e eu também me sinto homenageada”, declarou Bia Villa-Chan. “Rômulo é uma figura cheia de diversidades, está muito fincado com as tradições e, ao mesmo tempo, não deixa de pensar em coisas novas. Lembro, por exemplo, há uns 15 anos, quando nosso trabalho ainda não era entendido por alguns tradicionais e até por pessoas da nossa geração e ele nos fez um convite pra sairmos no Galo e foi maravilhoso”, lembra, grato, o hoje consagrado Maestro Forró, que lidera a Orquestra Popular da Bomba do Hemetério.