O porta-estandarte do maior bloco do mundo acaba de somar mais um título à sua coleção: o de Patrimônio Vivo do Recife. Fernando Zacarias – ou “seu Zacarias, como é conhecido” – concorreu com mais 20 nomes e esteve entre os quatro contemplados após votação, na última quinta-feira (07), no Conselho Municipal de Política Cultural.

“Estou muito feliz, não esperava nunca receber uma homenagem como essa, em ser considerado um Patrimônio Vivo do Recife. Tanto eu quanto minha família estamos muito agradecidos por esse reconhecimento, um verdadeiro privilégio para a minha história no carnaval do Recife, de Pernambuco, do Brasil e do mundo, porque sou porta-estandarte do maior bloco da Terra”, comemora Zacarias, que também recebeu homenagem na Quinta no Galo.

A iniciativa da Prefeitura do Recife, por meio da Secretaria de Cultura e da Fundação de Cultura, visa ao reconhecimento e valorização dos mestres, mestras e grupos culturais tradicionais e populares da capital pernambucana, assegurando ainda a transmissão e perpetuação de seus conhecimentos e técnicas. A primeira edição do concurso, ano passado, elegeu como Patrimônios Vivos do Recife Zenaide Bezerra (passista), Mestre Teté (do Maracatu Almirante do Forte) e as agremiações Pierrot de São José e Gigantes do Samba.

Nesta segunda edição, foram também agraciados com o título a Associação Cultural e Quadrilha Junina Origem Nordestina, a tribo de caboclinhos Tupi e a parceira Edileusa Maria da Silva.

Fernando Zacarias

Aos 80 anos de idade, completados em setembro deste ano, José Fernando Alves Zacarias é natural do Recife, mais precisamente, da Zona Norte da cidade. Desde criança, já demonstrava paixão pelo carnaval, quando assistia às troças desfilarem nos bairros vizinhos ou mesmo no Centro do Recife, para onde acompanhava a pé os cortejos. Curiosamente, já aficionado pela figura do porta-estandarte, o menino confeccionava o adereço com cabo de vassoura e papel de seda para brincar na rua com amigos e parentes, nos dias de momo.

A brincadeira deu lugar ao profissionalismo já em 1972, quando Zacarias recebeu o primeiro convite para desfilar num bloco carnavalesco: Abanadores do Arruda. Foi tão bom no teste que, no mesmo ano, também foi chamado para carregar o estandarte do Clube das Pás. Para completar a alegria e surpresa naquele ano, o novato fora eleito melhor porta-estandarte pelas duas agremiações.

Anos mais tarde, no final da década de 1970, fora chamado pelo folião Enéas Freire para carregar o estandarte do recém fundado Clube das Máscaras O Galo da Madrugada. Viu aquela simples brincadeira de amigos e familiares se transformar, com o passar dos anos, num verdadeiro fenômeno de público e, cerca de uma década e meia depois, ganhar o título de maior bloco do mundo.