Há quase cinquenta anos, o dia 13 de março de 1966 se tornaria uma data emblemática para a música pernambucana. Nesse dia, nascia um dos responsáveis por mudar significativamente o cenário artístico local: Francisco de Assis França, mais conhecido pela alcunha de Chico Science, um homem e músico à frente de seu tempo, considerado um verdadeiro “cientista dos ritmos”. E como não poderia deixar de ser, o Clube de Máscaras O Galo da Madrugada lembrou essa data especial e prestou homenagem ao cantor e compositor em seu 39° desfile, hoje (6), quando o maior bloco da Terra saiu às ruas do Recife com o tema “Galo, Frevo e Manguebeat – Homenagem a Chico Science”. No desfile deste Sábado de Zé Pereira, o gigante do Carnaval pernambucano saiu com seis carros alegóricos (mesmo número do ano passado), sendo quatro deles temáticos em referência a Chico Science e ao Manguebeat.

(Crédito: José Marcos/Divulgação)

   As fantasias que desfilaram em cima dos carros também fizeram alusão ao tema do Carnaval 2016. Criadas pelos carnavalescos Francisco Câmara e Anderson Gomes, as peças apresentaram elementos específicos que ajudaram a compor cada alegoria. No total, foram 80 fantasias distribuídas nos seis carros. No Manguebeat, caranguejos, urubus e pessoas que trabalham no mangue integraram a cena. No carro Olinda, a explosão musical de Chico Science ficou à mostra com caracterizações que lembram o soul, funk, rock e hip-hop. Na alegoria Recife, grupos de bailarinos de ciranda e pessoas representando a cena alternativa da capital pernambucana desfilaram ao lado da réplica do Landau de Chico Science. O carro Maracatu Atômico homenageou duas vertentes do ritmo pernambucano, o rural e o nação, com seus caboclos de lança e a realeza respectivamente representados. O carro abre-alas trouxe passistas de frevo com fantasias grafitadas remetendo à cena mangue, e casais reverenciando os africanos e a Nação Zumbi, em homenagem a Zumbi dos Palmares. Os instrumentistas da alegoria Clarins e Trombetas estavam vestidos de cavaleiros medievais.

 (Crédito: José Marcos/Divulgação)

   Como tradicionalmente acontece, as alegorias saíram da Travessa do Forte pontualmente às 9h, após concentração da diretoria, trabalhadores, políticos e foliões no Café da Manhã do Galo, no Forte das Cinco Pontas. Depois disso, cerca de 30 trios elétricos com artistas locais e nacionais acompanharam o percurso, seguidos de uma multidão de aproximadamente 2,5 milhões de foliões, que ocuparam total ou parcialmente cinco bairros centrais do Recife. O Galo da Madrugada percorreu um total de seis quilômetros, terminando seu trajeto na Rua do Sol, com dispersão na Rua do Imperador, por volta das 18h. Considerado o maior bloco da Terra pelo Guinness Book, o Galo da Madrugada realizou uma festa de nove horas ininterruptas de frevo.

NÚMEROS:

Todo ano O Galo da Madrugada contrata centenas de trabalhadores para colocar o bloco na rua. Em 2016, cerca de três mil pessoas trabalharam para a saída da agremiação no Recife. Desse número, cerca de 1 mil são artistas, entre cantores, músicos, etc. Além, claro, de toda a movimentação financeira gerada pelo bloco nas áreas de turismo, gastronomia, transporte, etc.

PERCURSO:

O roteiro do Galo da Madrugada de 2016 foi exatamente o mesmo do ano passado. O Gigante do Carnaval ocupou as ruas de pelo menos seis bairros da capital pernambucana, com concentração maior de público no Cabanga, São José, Santo Antônio, Coelhos, Coque, Recife Antigo e Boa Vista.